Ser ou ter a vida que se leva, é, torna-se
Ter, o fruto do trabalho subordinado
Ser, o fruto do trabalho marginalizado

Valores de época, espaço, espécie?
Princípios perdidos na mídia, distraídos
Lembrados a alto preço, a dor incalculável

Espírito, no fundo, restaurado, cego, traído
Amante, luzidio, à espera estéril, séria
Ser, ter, compreender: a alma desperta transforma-se!

Análise crítica do texto:

« Sem dinheiro não há salvação: ancorando o bem e o mal entre Neopentecostais »

In: Textos em representações sociais, cap.6, pág.191-223 de P. A. Guareschi

O texto trata de estudos objetivando analisar os significados atribuídos ao dinheiro arrecadado de diversas formas – dízimos, coletas, contribuições…  – das pessoas integradas ao Pentecostalismo.

Critica a excessiva exploração e enganação sutil recoberta com certa lábia de linguagem persuasiva sobre a população. O principal instrumento de dominação usado é a ideologia massificante, conseguindo com bastante êxito fazer com que as pessoas pensem estar fazendo a coisa mais correta enquanto doam uma considerável parte de sua renda e sacrificam a vida de sua família, até mesmo nos aspectos de nutrição; e ainda com a convicção de que o fazem por vontade própria e se não o fizessem estariam compactuando com o Diabo.

Para melhor compreensão do fenômeno, o autor explicita alguns conceitos relevantes. O conceito de Representação Social(RS) foi criado por Moscovici, pois este achava que os conceitos de representações coletivas existentes eram muito estáticos e descritivos e não abordavam satisfatoriamente a dimensão histórico-crítica. Moscovici enfoca uma compreensão da realidade abrangendo as dimensões físicas, sócio-culturais, cognitiva, comunicacional e mental, além da dimensão objetiva e subjetiva.

Para Moscovici, a Psicologia Social possui como tarefa o estudo da ideologia e da comunicação. O conceito de ideologia é essencial para se entender as dimensões éticas, valorativas e críticas da condição humana. Estas, por sua vez, não se podem separar das ações, estando, pois, presentes na estrutura das RS.

As RS (representações sociais) são sempre ideológicas. Consistem num processo de classificar e nomear o que existe organicamente mas não está ainda ordenado categoricamente. As RS formam um conhecimento da realidade acessível a todo o conjunto social que participa de uma realidade comum, incluindo a cultura, valores, pensamentos…

Os templos pentecostais utilizam as RS para extorquir o dinheiro de seus frequentadores. Usam, por exemplo, as idéias do sistema capitalista para instituírem um « mercado divino » com negociações irrecusáveis entre fé, a paz eterna e, é claro, « dindin ». Os discursos magnetizantes acabam convencendo as pessoas a aliviarem seus blosos dessa praga responsável pelo mal e mesquinharia da humanidade – a moeda.

Essa abuso ideológico não consegue tapar a ridicularidad quando apela para frases do tipo: « Você não pode ganhar nada de graça, nem de Deus; para se conseguir uma graça, é preciso pagar. » E sem chance de pagamento simbólico ou substitutivo. Precisa ser grana e em espécie. « Se pagamos a um médico, o aluguel, por que não pagar a quem cura nossos males espirituais? » Alguém poderia responder: « Porque não tenho como pagar. » Mas certamente essa não seria uma resposta aceitável.

Afinal, onde estão os direitos do consumidor de Deus? Já uma velha piada dizia: « O caminho para o reino de Deus é Jesus. Eu sou o pedágio. » – declarou o Presidente da Igreja Universal do Reino de Deus.

Portanto, ter esperanças e crença em um mundo mais justo e melhor é por certo uma virtude e o começo para que belos sonhos se concretizem. Integrar-se em uma comunidade, com participação efetiva e envolvimento pessoal, frequentar uma religião e apostar em seus princípios são atitudes dignas de cidadãos humanos, potencialmente dotados e ativos. Porém, nada é bom quando se deixa cair no conformismo, na distorção de idéias originalmente bem intencionadas e no abuso do fantástico mistério que ronda a vida humana. Este enaltece a grande Natureza e deixa dúvidas que não foram criadas para serem solucionadas, mas usufruídas com humildade, alegria e benevolência. O abuso desse mistério para tomar posses alheias por seres infelizes e infinitamente insatisfeitos é que denigre imagens santas, acarreta problemas e mais problemas. É necessário se envolver, agir conscientemente e refletir com a mente aberta para não ficar como zumbi frente a dominação maliciosa.

por: Tania Montandon

Estado de consciência é a disposição altamente desenvolvida que o ser humano possui, pela qual torna-se possível tomar, em relação ao mundo e aos estados interiores, subjetivos, aquela distância em que se cria a possibilidade de níveis mais altos de integração. Através da consciência, o homem toma conhecimento da sua própria atividade psíquica e é capaz de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados.

Em uma pessoa normal, os impulsos nervosos são convertidos em neurotransmissores, como a dopamina, e liberados nos espaços sinápticos. E uma vez passada a informação, a substância é recapturada. Na presença de algumas substâncias químicas, esse mecanismo encontra-se alterado.

O crack é uma droga, subproduto da cocaína, geralmente fumado em cachimbos de fabricação caseira, de uso simples e preço, no início, baixo. Possui um alto poder destruidor, seu efeito chega ao cérebro em oito segundos, vicia à primeira tragada, escraviza o seu usuário e o mata de forma fulminante.
A droga é queimada e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares. Cai na circulação sanguínea e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, o crack subverte o mecanismo natural de recaptação da substância dopamina nas fendas sinápticas. Bloqueado esse processo, ocorre uma concentração anormal de dopamina na fenda, superestimulando os receptores moleculares, fazendo a pessoa ter a sensação de euforia e poder. A alegria, entretanto, dura pouco. Os receptores ajustam-se às necessidades do sistema nervoso. Ao perceber que existem demasiados receptores na sinapse, eles são reduzidos. Assim, as sinapses tornam-se lentas, comprometendo as atividades cerebrais e corporais. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame. A droga é metabolizada no fígado e eliminada pela urina.

O crack diminui a fome, aumenta a atividade psicomotora e também altera o funcionamento dos centros límbicos do cérebro, responsáveis pela sensação de prazer. Os resultados imediatos são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão arterial e transpiração e, eventualmente, alucinações visuais ou táteis. São comuns as dores de cabeça, tonturas e desmaios.

A desintoxicação orgânica da droga é apenas uma parte muito pequena do processo de tratamento. O organismo consegue se livrar do crack em 72 horas. O maior problema é a dependência psicológica. Até que o usuário encontre seu ponto de equilíbrio, muitas recaídas ocorrem. O dependente necessita receber assistência psicológica e redefinir seus hábitos diários, pois para reorganizar a vida psíquica, que o uso da droga compromete, começa-se pelas pequenas coisas da vida prática.

A noite é escura

E o caminho é, por vezes, espinhoso

Mas com um gatinho carinhoso

de alma pura de companhia



Não há por que não sentir alegria

Tenho-te no sonho e no devaneio

Ah…o que te proponho…

É muito mais que um mero vaguear…



A distância é meio estranha

Priva-me de querências

Nem expressar tenho a manha



Do substrato de tua essência

Essa façanha que alimenta

Toda minha experiência

a partir do texto “Um perverso e a castração” de Carlos Augusto Niceas

Se o perverso já fez a escolha de seu gozo, como o analista poderia intervir para que houvesse mudança em sua perversão?

J. A. Miller, a partir de sua experiência clínica, afirma que “o perverso vem para análise quando não se implica com o que não pode deixar de fazer”. O perverso pode, então, ser um sujeito ético, responsável,, desejoso de responder e testemunhar isso.

Tiago procurou retomar seu tratamento depois de um intervalo de um ano e meio. Ele interrompeu a análise quando se confrontou com a morte próxima de seu pai. Nesse período da análise, Tiago teve uma lembrança de infância inédita: ele estava tomando ducha com um amigo na casa de seus pais. Ambos riam “como loucos” e brincavam de um derrubar o outro, quando sua mãe os surpreendeu e disse que contaria ao pai “as coisas feias” que estavam fazendo. Tiago teve muito medo da reação de seu pai, e de ser castrado por este. Porém, surpreendentemente, o pai contentou-se em fazer o filho prometer-lhe que contaria somente a ele todos os seus pensamentos, sem omitir nenhum, daquele momento em diante. O analista lhe pergunta como entendera a demanda. Tiago responde que entendera que os pensamentos que deveria comunicar ao pai deveriam estar relacionados à sexualidade. Era sempre a mesma confissão: ele acordava no meio da noite com uma ereção e acariciava seu pênis para dormir novamente. Ele estava com 8 anos. Até que uma noite, muito angustiado, Tiago pára de confessar ao pai seus pensamentos íntimos. Inesquecível foi o rosto marcado pelo sofrimento e o olhar de desespero de seu pai na noite da promessa. O pai nunca forçou a confissão ou conversou com o filho. Na verdade, o que o filho mais demandava era que seu pai conversasse com ele.

Durante todo o tratamento, Tiago fazia várias interrupções, sem, no entanto, parecer que havia rompido a ligação transferencial. As interrupções pareciam relacionar-se à demanda do analista de que ele estava ali era para falar. Tiago tinha 24 anos quando começou a análise. Ele estudou jornalismo e pretendia trabalhar com cinema. Morava com os pais e não havia diálogo em casa.

Ele chegou para análise dizendo que passou dois anos em outra análise com uma mesma questão e, por isso, interrompeu-a. Disse que, no sexo, não podia saber se gosta de homens ou de mulheres. Queria falar do sexo como um vício, algo que ele não podia impedir de fazer, como a dependência de drogas. Sem implicação, mas não sem sofrimento. Seu modo de satisfação havia tornado-se sintomático.

Nas entrevistas preliminares, o sujeito organizava seu discurso de modo que manifestasse sua certeza de possuir os meios para se permitir o gozo. Assim, o analista percebeu que o saber do analisante o situava fora de possibilidade de ser surpreendido pela palavra do Outro.

Tiago supunha ao analista um saber sobre as coisas do sexo, um sujeito que soubesse gozar, ao invés do sujeito suposto saber. Por conseguinte, a transferência é usada para desafiar e colocar à prova o desejo do analista, na esperança de capturá-lo em seu jogo. Se isso acontecesse, a transferência viraria um exibicionismo da palavra, onde o sujeito pretendia provar que detinha um saber sobre o agir perverso, com o qual o analista não podia rivalizar.

Em cada retomada da análise, o analista procurava mostrar ao sujeito que ele não estava lá para dividir o analista ou para mostrar quão interessante era seu saber sobre o gozo. Um dia em que o analista disse que seu relato de práticas sexuais era monótono e desinteressante, ele ficou estupefato e, saindo do consultório, disse: “Mas eu não sei falar de amor.”

Para Tiago, o amor tornava o sexo frágil; ele procurava apenas sexo em suas “caçadas”. Ele já avisava de cara para o parceiro: “Eu não faço amor, faço sexo”. Toda palavra, pois, endereçada a ele pelo outro era sinal de convite ao amor. Assim, tornou-se freguês de casas de prostituição, imaginando ser capaz de melhor cumprir sua busca de gozo desviando-se do desejo do Outro.

Tiago dizia que tinha uma impotência mas não física, pois ele fazia sexo, mas uma impotência de não poder rever a pessoa com quem se tinha relacionado.

Em sua posição estrutural na perversão, Tiago vai, a cada encontro, tentar dividir o sujeito do lado do parceiro, ou seja, do lado do Outro, oferecendo-se ele mesmo como instrumento da operação.

Ele paga homens para fazer sexo. Ele os cobre de carícias, toca-os e os leva, pouco a pouco, a gozar como uma mulher num corpo com pênis. Esse é seu triunfo, conseguir essa virada.

É sua impotência de não poder rever seus parceiros que pôde mobilizar o trabalho analítico, sobre a equivalência colocada por ele entre falar e amar, o que o remete ao mutismo de seu pai.

Um dia, através de um lapso, falando do pai, ele o associa ao sexo e à castração. São os significantes de sua infância: a castração esperada por causa da brincadeira com o amigo do banho.

Se sua perversão o faz objetar à castração, instigando-o aos atos que a desmentem, o fato de que ele continua a ir ao analista mostra que, como sujeito do fantasma, ele não está enraizado numa refutação não dialetizável do sujeito suposto saber.

No final, Tiago compreendeu que, fazendo virar seus gigolôs em mulheres, é o amor que ele se arriscava fazer nascer nos seus parceiros, o amor suscetível de virar ódio mortífero. Era seu fantasma masoquista, que o fazia imaginar-se morto pelo parceiro. Como  o diretor de cinema italiano Pasolini, que, porque queria fazer de seu gigolô uma mulher, este o matou.

Bibliografia:

–          NICEAS, C.A. Um pervers et la castration. In: La cause Freudienne. Revue de psychanalyse. Paris, ECF/ACF, nº41, abril, 1999, p.79-84.

Engraçado como tantos possuem o saber
Cada um sabe de mim mais do que eu
E meu saber desliza de ser em ser
Vou a enxergar quem admiro como meu céu

Tantos sujeitos supostos saber
O que sei, objeto de gozos, lazer
Transferindo meu ser
Sou menos eu que sou você

Trago minha esponja como apêndice
Sugo sua emoção como se minha fosse
Ajo de coração conforme suas crendices
Pra depois, com delicadeza, receber seu coice

~

O ser humano é um ser de necessidade. Nesta direção o comportamento humano é pautado pela satisfação dessas necessidades durante as fases do seu desenvolvimento. As necessidades humanas não são naturais, precisam ser criadas, inventadas pelo homem.

Considerando que nenhum comportamento humano é carente de justificativa, é tarefa dos estudiosos da Psicologia da motivação estudar os motivos, os instintos intrínsecos ao homem que o levam a agir, a se comportar de determinada maneira e não de outra. A teoria da motivação visa mapear os motivos humanos, tentando explicitar o comportamento observado numa forma de linguagem inteligível no campo real do homem, através da escrita. Como o ser humano possui tanto a capacidade de construir como a de destruir, é muito importante para ele entender um pouco os instintos que o levam a destruir, impedindo a continuidade do processo de construção de sua vida. Não há como conhecer todas as explicações possíveis, pois o homem pode sempre inventar uma nova explicação. No entanto, conhecendo-se cada vez mais elementos que explicam o comportamento humano, pode-se ter uma maior amplitude de possibilidades que ajudem o homem a conciliar seus
desejos internos com os limites que o meio externo lhe impõe, conciliando seus interesses sem desrespeitar os interesses dos demais seres humanos. Assim, o ser humano pode ter uma vida psíquica mais saudável, à medida que toma consciência de seus instintos inconscientes.

Ao construir sua teoria da motivação, Maslow baseou-se no espírito do seu tempo – Zeitgeist. O espírito do tempo de Maslow é o espírito que reina na sociedade moderna do século XX e XXI. É  o espírito que busca o progresso da ciência, quer explicar o extraordinário, quer saber sobre o futuro, não se conforma em não conseguir achar explicação para alguma coisa. Valoriza o novo e desconsidera o conhecido e habitual. Valoriza o futuro e desprestigia o passado, a tradição. Mas só se é possível partir para o extraordinário passando-se pelo ordinário. A tecnologia só tem valor humano se for utilizada para o bem da vida e da natureza. A vida é um dom que não pode ser explicado completamente. Os homens podem explanar seus comportamentos, porém não a vida. Maslow observou que para que as pessoas sintam a necessidade de preservar a vida e a qualidade de vida, melhorando suas condições, elas precisariam ter suas necessidades básicas satisfeitas, que são aquelas cuja falta causa doença, a sua presença evita doença e a sua restauração mantém a pessoa sadia física e mentalmente. As pessoas precisam estar bem alimentadas, ter uma moradia adequada, ser aceitas em seu habitat, sentirem-se amadas e úteis para que possam se auto-realizar e pensar em crescimento. A pessoa necessita ter bem-estar para que possa pensar no bem-estar das outras.

O ser humano possui uma capacidade de se comunicar exclusiva, que é a linguagem. Esta pode ser realizada no campo imaginário, no campo simbólico e no campo real. O ser humano possui necessidade de se comunicar com os demais através da linguagem à medida que está sempre tentando se superar. É um processo característico do homem e imprescindível à ética de viver bem, que visa preservar a vida e a qualidade de vida. Todavia isso só é possível quando as necessidades básicas fisiológicas, de segurança, de aceitação social, de auto-estima e de se sentir amado estiverem satisfeitas. Assim, as motivações para o crescimento e melhoria das condições de vida são essenciais ao desenvolvimento humano para que as pulsões de vida da humanidade não se deixem superar pelas pulsões de morte. Cada sujeito não pode pensar somente em seus interesses, desconsiderando radicalmente os interesses dos outros, porque querendo ou não cada um precisa das outras pessoas e o bem-estar futuro da humanidade depende que as pessoas aprendam a canalizar o amor para a vida e o ódio para o que for prejudicial à vida, pois todos possuem amor e ódio para oferecer.

Opinião:

Mas o que queria ressaltar com o texto e é a parte que mais me marcou da teoria de Maslow é a questão de que ,pra ter a motivação, as necessidades básicas precisam estar ao menos perto do nível satisfatório. Até pra que uma pulsão de morte motive o sujeito, que acho ser melhor que nenhumma motivação, pois a pusão de morte pode ser muito útil pra sobrevivência e principalmente pela luta por viver, além do sobreviver. É preciso a agressividade(como Lacan gostava mais dessa palavra q eu entendo como bem parecida com pulsão de morte) pra se livrar do que faz mal ao sujeito, nesse sentido é uma pulsão de morte direcionada pro que mata a vida(viajando).

Considerando não a minha condição privilegiada de sempre ter pelo menos comida, bebida, casa, cama, estudo(um mínimo) mas a condição da população tanto do país quanto do mundo, creio que bilhões não têm condições de pensar no que motiva ou não nem de viver de fato, ficando na triste luta do instinto natural de sobrevivência, respondendo com violencia de reflexo por não ter condição de pensar antes de agir, não ter estudo nutrição e uma história marcada de cenas violentas somente. Penso que mais ainda importante que saber o que motiva é ter condições humanas no sentido real desta palavra de ter motivação que não seja quase selvagem.

Sutilezas do olhar

Que me dava de presente

Todo com um brilho estelar

E um juízo crítico ausente

 

Só um momento do cotidiano

Uma alegria, um encontro com papai

A lembrança que marcará o ano

E me cuidará como a um bonsai

 

Recheio luminoso do canto vazio

Da mente, que quase se perdeu, por
um fio

Mas pôde rodear-se de intenções

A valerem mais que as até boas
ações


Meu corpo é uma morada
Uma casa sem conceitos
Pro espírito que pouco sabe

Na casa ele se faz, livre
Numa plenitude divina
Da limitada impermanência

26797


Profundo desvio da vontade
Inundando a mente com pontadas
Lampejo de rivalidade
Atacando com inconscientes facadas

Intrusos instigadores de mal-estar
Impedindo um ledo descanso jubiloso
Fatores que não prezo em meu lar
Núcleo de fadiga que ataca impiedoso

Se ao menos pudesse desse mal livrar-me
Mas triste verdade o entremeia
Eis que é de meu ser uma parte
E corre, insolente, em cada veia