poesia


Engraçado como tantos possuem o saber
Cada um sabe de mim mais do que eu
E meu saber desliza de ser em ser
Vou a enxergar quem admiro como meu céu

Tantos sujeitos supostos saber
O que sei, objeto de gozos, lazer
Transferindo meu ser
Sou menos eu que sou você

Trago minha esponja como apêndice
Sugo sua emoção como se minha fosse
Ajo de coração conforme suas crendices
Pra depois, com delicadeza, receber seu coice

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Profundo desvio da vontade
Inundando a mente com pontadas
Lampejo de rivalidade
Atacando com inconscientes facadas

Intrusos instigadores de mal-estar
Impedindo um ledo descanso jubiloso
Fatores que não prezo em meu lar
Núcleo de fadiga que ataca impiedoso

Se ao menos pudesse desse mal livrar-me
Mas triste verdade o entremeia
Eis que é de meu ser uma parte
E corre, insolente, em cada veia

Soberba estrada atalhada na linguagem
Que leva aos turvos requintados labirintos
Até a nascente dos motivos e rebuscados instintos
Candeia qu’ilumina a alma na paragem

Dolente andança por templos e paços
Colecionando reminiscências da viagem
A formar a consciência e seus regalos
Brigando, impaciente, com a bagagem

Claudica, pede esmola mas não pára
Impõe urgência no fazer da sua vontade
E se esfola no dizer que se resvala

Por fim constrói, altiva, a liberdade
Expôe a essência idiossincrásica
E experimenta aquela alegria básica